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Radiologia Intervencionista: Conheça uma nova especialidade da medicina

  • Médico da Unimed Franca fala sobre procedimentos e intervenções cirúrgicas minimamente invasivas, que são os diferenciais da radiologia intervencionista. – (Foto: Divulgação)

Não se sabe ao certo quando e onde a medicina surgiu, mas sabemos que sua origem teve início há milhares de anos com o objetivo de afastar as doenças que, sem remédios e tratamentos, normalmente levavam à morte.

Desde então, a medicina não parou mais de avançar em cuidado, soluções e métodos diagnósticos e, além de evitar doenças, passou a curar as pessoas e oferecer longevidade e qualidade de vida.

Essa evolução aconteceu, inclusive, na educação de médicos, afinal, já são mais de 50 especialidades reconhecidas no Brasil, de acordo com informações do Conselho Federal de Medicina (CFM), entre elas a radiologia intervencionista, uma das mais novas a surgir no país.

O que é a radiologia intervencionista

A radiologia intervencionista é uma especialidade médica que utiliza a radiologia não apenas para o diagnóstico, mas também para o tratamento de diversas doenças através da associação de princípios clínicos e cirúrgicos.

Segundo o médico radiologista intervencionista da Unimed Franca, Dr. Caio Molina, a radiologia intervencionista possui como característica o uso de tecnologias de imagem. “Utilizamos a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a sala de hemodinâmica, por exemplo, para a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Dessa forma, é possível realizar procedimentos minimamente invasivos, sendo mais uma ferramenta disponível para ajudar as outras especialidades médicas no cuidado dos pacientes”, explica.

Ainda segundo o médico, podemos dividir a atuação do radiologista intervencionista em procedimentos diagnósticos e terapêuticos. “Os principais procedimentos diagnósticos realizados são as biópsias de tecidos, onde são retirados pequenos fragmentos de lesões suspeitas de malignidade ou de órgãos sólidos; punções de líquidos corporais para análise laboratorial; e o estudo das artérias e veias da cabeça, pescoço, tórax, abdome e membros pelas angiografias”.

Em relação aos procedimentos terapêuticos, podemos destacar a embolização por cateterismo, angioplastia, ablação, drenagem e trombectomia mecânica.

“Como exemplo, podemos citar o acidente vascular cerebral isquêmico, que consiste na obstrução de uma artéria do cérebro, impedindo que o fluxo de sangue com oxigênio e nutrientes chegue no tecido cerebral, levando a morte dos neurônios. É uma doença prevalente, estando entre as principais causas de morte e incapacidade física no mundo. O seu tratamento consiste em uma coordenação precisa no atendimento do paciente, para que a abertura da artéria ocorra o mais rápido possível. Nesse caso, o médico intervencionista realiza a trombectomia mecânica para a desobstrução da artéria cerebral através do cateterismo cerebral, possuindo papel fundamental junto à equipe da neurologia e aos demais profissionais de saúde, no tratamento do AVC”, explica Dr. Caio.

Benefícios da especialidade

Cada vez mais a medicina busca os melhores resultados com o mínimo de intervenções possíveis e esse é um dos grandes diferenciais da radiologia intervencionista. “Os procedimentos minimamente invasivos oferecidos nessa especialidade são realizados através de punções na pele, com pequenos furos, proporcionando recuperação rápida dos pacientes, alta hospitalar e retorno às atividades diárias precocemente. Isso garante baixas taxas de complicações e alta efetividade”, diz o médico.

Dessa forma, ao invés do paciente ser submetido a uma cirurgia convencional, nas quais são necessários cortes maiores na pele e maior tempo de recuperação, o radiologista intervencionista pode indicar um tratamento menos invasivo, com resultados seguros e eficazes.

O que trata o radiologista intervencionista

Hoje, uma ampla gama de doenças podem ser tratadas pelo médico especialista em radiologia intervencionista, envolvendo praticamente todas as áreas da medicina. “Vale a pena destacar os tratamentos na área da neurologia, como o tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico hiperagudo (AVC), dos aneurismas cerebrais e da doença nas artérias do pescoço, por exemplo a artéria carótida”, comenta o Dr. Caio.

Ainda segundo o médico, também é possível realizar o tratamento dos miomas uterinos, a hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata), das obstruções e dilatações das artérias e veias do corpo, as hemorragias digestivas, pulmonares e os sangramentos relacionados a tumores ou traumas.

“A oncologia é outra área que a radiologia intervencionista tem importante participação, com o implante de cateteres para quimioterapia, a desobstrução da via biliar no fígado e das vias urinárias com drenos, e no auxílio ao tratamento dos tumores com a embolização e a ablação” diz.

O médico intervencionista realiza procedimentos eletivos, de urgência e emergência. “No âmbito hospitalar, ficamos disponíveis para realizar os tratamentos de urgência e emergência junto às demais especialidades assistentes, além de realizar abordagens diagnósticas e terapêuticas de pacientes internados e ambulatoriais. Também acompanhamos todo o processo pré, intra e pós operatório dos pacientes”, explica.

No consultório, o médico intervencionista faz acompanhamento clínico e avalia a indicação de procedimentos. O cuidado em alguns casos pode ser compartilhado com as outras especialidades, para garantir o melhor tratamento para o paciente.

Medicina do futuro

A medicina está se adaptando rapidamente a tecnologias que devem trazer mudanças profundas naquilo que conhecemos. A robótica, o estudo do genoma, o uso da inteligência artificial e até a telemedicina já nos mostram essa evolução.

A radiologia intervencionista é uma especialidade mais recente na história da medicina, e apresentou grande avanço a partir da década de 1990.

“É uma especialidade que usa recursos avançados de tecnologia, para realizar diagnósticos e tratamentos, e complementa as demais áreas médicas, sempre com intuito de melhorar a assistência aos pacientes”, analisa Dr. Caio.

A nova especialidade já se mostra fundamental em hospitais de média e alta complexidade de todo o mundo, como é o caso do São Joaquim Hospital e Maternidade, e integra diversas especialidades médicas, como a cirurgia geral, a cirurgia vascular, a neurocirurgia, a oncologia clínica e cirúrgica e a urologia.