- Celebrado no dia 29, o ritual do nhoque do dinheiro une fé e gastronomia; chef Débora Alberti, da Itália no Box, ensina como preparar o prato em casa e dá dicas de variações criativas. – (Foto: Divulgação)
No Brasil, a cada dia 29 do mês, milhares de pessoas repetem um mesmo gesto: colocam uma nota de dinheiro sob o prato e saboreiam um nhoque, acreditando que a prática atrai prosperidade. A tradição, que nasceu na Itália e atravessou gerações, tornou-se um símbolo afetivo que mistura gastronomia, sorte e boas intenções e segue viva, especialmente em tempos em que cozinhar em casa volta a ser um ato de conexão e significado.
A história do “Nhoque da Fortuna” remonta ao século IV, quando São Pantaleão, disfarçado de viajante, teria sido acolhido por uma família pobre com um prato simples de nhoque. Ao partir, o santo deixou moedas de ouro sob o prato, simbolizando a gratidão e a bênção da prosperidade. Desde então, o ritual se espalhou pelo mundo e, no Brasil, ganhou força nas últimas décadas, tornando-se um dos costumes mais queridos entre os amantes da culinária italiana.
Para a chef Débora Alberti, da rede Itália no Box, o sucesso da tradição vai muito além da superstição. “É um prato que carrega memórias afetivas e o poder de reunir pessoas. O nhoque representa fartura, mas também união, e cozinhar em casa, com carinho, é parte essencial desse ritual”, explica.
Débora ensina que o segredo está na simplicidade: escolher bons ingredientes e respeitar o ponto da massa. A base clássica leva batata, farinha de trigo e ovo, mas ela sugere pequenas variações que dão um toque contemporâneo à receita. “Trocar parte da batata por mandioquinha ou abóbora cabotiá deixa o prato mais leve e com sabor adocicado. Outra dica é finalizar com molhos criativos, como pesto de manjericão, manteiga com sálvia ou até ragu de cogumelos para uma versão vegetariana e sofisticada”, orienta.
A chef também destaca o valor simbólico do momento à mesa. “Mais do que uma tradição, é um convite à gratidão. Comer o nhoque do dia 29 é lembrar do que já temos, enquanto mentalizamos novos caminhos e conquistas”, diz Débora.
Entre receitas, crenças e histórias, o Nhoque da Fortuna segue encantando brasileiros e reforçando o papel da gastronomia como um elo entre cultura, afeto e esperança. Afinal, seja por fé ou por sabor, o que importa é celebrar.
Nhoque da Fortuna em Casa
Nhoque de Mandioquinha com Manteiga e Sálvia
Ingredientes:
• 700 g de mandioquinha cozida e amassada
• 300 g de batata inglesa cozida e amassada
• 1 ovo
• 1 xícara (chá) de farinha de trigo
• Sal e pimenta-do-reino a gosto
• 100 g de manteiga
• Folhas frescas de sálvia
Modo de preparo:
- Misture as mandioquinhas e as batatas amassadas com o ovo, o sal e a farinha. Trabalhe a massa até que desgrude das mãos.
- Modele, corte e cozinhe como na receita tradicional.
- Em uma frigideira, derreta a manteiga e adicione as folhas de sálvia até ficarem levemente crocantes.
- Envolva os nhoques no molho e finalize com queijo parmesão ralado.
Dica da Chef: “O segredo está em cozinhar as batatas e mandioquinhas com casca e evitar excesso de farinha — isso garante um nhoque leve e delicado, que desmancha na boca”, ensina Débora Alberti.










