* Segundo o SPC, cerca de 80 milhões de pessoas terminaram o ano endividadas. - (Foto/Ilustrativa: Freepik/Drazen Zigic)
O cartão de crédito continua avançando no orçamento das famílias brasileiras e ganhando espaço nas compras do dia a dia. Levantamentos da Abecs mostram que o uso de cartões, principalmente o crédito, cresce ano após ano no comércio físico e no online. O movimento, porém, acompanha outro indicador: segundo o SPC, cerca de 80 milhões de pessoas terminaram o ano endividadas.
Para Breno Nogueira, influenciador e especialista em planejamento financeiro, a preferência pelo crédito no dia a dia cria uma sensação de renda maior do que a real. Ele destaca que o uso mais frequente do débito ajuda a manter o orçamento sob controle e reduz riscos, como perda de renda, acúmulo de parcelas e cobranças inesperadas.
O especialista também comentou sobre os principais problemas que grande parte dos usuários do cartão de crédito enfrentam — e por que é importante controlar ao máximo o uso. Confira:
1. O cartão transforma o salário em “pagador de fatura”
Quando o cartão de crédito concentra todas as despesas, o salário deixa de financiar a vida real e passa a servir apenas para pagar a fatura. Breno Nogueira explica que é assim que muitas famílias entram em um ciclo em que nada sobra no final do mês — e, sem sobra, o consumidor continua recorrendo ao cartão para sobreviver ao mês seguinte. A ausência de limite no crédito favorece esse comportamento, diferente do débito, que mostra o impacto do gasto imediatamente.
2. Gastos variáveis ficam invisíveis no crédito
Despesas que mudam conforme o dia — cafés, delivery, mercado rápido — deveriam ser monitoradas em tempo real. No crédito, normalmente, elas se acumulam sem “dor imediata”, só aparecendo 30 dias depois. Breno aponta que é justamente nesses gastos flexíveis que o débito funciona melhor: a falta do dinheiro no saldo força o consumidor a ajustar o ritmo no mesmo dia, evitando que essas compras se transformem em uma fatura difícil de pagar.
3. Parcelamentos competem com despesas essenciais
Compras parceladas criam um compromisso futuro que muitas vezes é esquecido. Quando as parcelas começam a se sobrepor, elas pressionam despesas fixas como aluguel, energia e saúde. Breno defende que o parcelamento não é o vilão, mas exige disciplina — algo que se perde quando o consumidor já está com a renda tomada por faturas volumosas. No débito, a compra é sentida na hora e evita que o orçamento seja comprometido por meses.
4. Muitos cartões dificultam o controle
Quanto mais cartões na carteira, maior o risco do consumidor perder o controle do que já gastou e de quanto ainda será cobrado. Isso aumenta a chance de inadimplência e de cobranças inesperadas. Para quem busca reorganizar as contas, Breno recomenda reduzir a quantidade de cartões ativos e priorizar o débito enquanto recupera margem financeira.
5. Limite não é renda — e essa confusão custa caro
Um dos erros mais comuns é tratar o limite do cartão como uma extensão do salário. Breno reforça que o crédito não representa um dinheiro disponível na conta, mas sim uma antecipação de uma renda que ainda virá. Quando o consumidor se apoia no limite para fechar o mês, qualquer imprevisto, perda de renda, queda de comissões, atraso de pagamento, vira um gatilho para o endividamento. “Quando o débito é priorizado, o consumidor volta a calibrar o orçamento com base no dinheiro real e não em uma projeção”, completa Breno.
Sobre Breno Nogueira
Breno Nogueira é especialista em finanças pessoais e fundador da Escola do Breno, iniciativa que ensina pessoas físicas a organizarem suas rendas e despesas, sair das dívidas e criar melhores hábitos financeiros. Diferente de quem foca em ensinar a investir, Breno acredita que o primeiro passo é fazer o salário sobrar no fim do mês. Para isso, utiliza métodos práticos e acessíveis — como sua Planilha do Breno, que em apenas um ano ultrapassou R$ 3 milhões em faturamento, e o App do Breno, lançado em outubro. Hoje, a Escola já impactou mais de 20 mil pessoas. Breno reúne mais de 900 mil seguidores nas redes sociais e é reconhecido pela linguagem simples e direta sobre como lidar melhor com o dinheiro.
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