/“O pior já passou”, diz Cristiana Lôbo no Fórum Francal

“O pior já passou”, diz Cristiana Lôbo no Fórum Francal

Cristiana Lobo

Em sua concorrida palestra no segundo dia do Fórum Francal, a jornalista da Globonews passou mensagem otimista para os empresários do setor calçadista.

“Enquanto as cigarras ficaram cantando lá em Brasília, as formigas aqui de São Paulo continuaram trabalhado”, disparou uma bem-humorada Cristiana Lôbo para a plateia. A jornalista começou a conversar com o público avisando que estava enxergando uma luz no fim do túnel, só não sabia se era de uma vela, led ou algo mais potente, brincou.

Segundo ela, o mundo de lá (Brasília) está começando a enxergar o de cá (setor produtivo). “Brasília gira num hardware diferente do País”, atesta. Para Cristiana há sinais na economia, que não caminha dissociada da política, que sinalizam o fim do buraco.

A pavimentação da recuperação está na diminuição da inflação, por exemplo, e os mais otimistas já acreditam numa recuperação no último trimestre para crescer algo como 2% em 2017. “Há uma mudança de estado de espírito no País”, comentou.

Para ela, que trabalha em Brasília desde 1979, crise não é novidade, mas uma tão profunda e prolongada não é algo corriqueiro num País que já derrubou um presidente da República, elegeu um operário para o mesmo cargo e fez uma CPI que desmontou metade do Congresso e que vai acontecer de novo.

Sobre o período do governo Lula, a quem elogiou pelo programa de distribuição de renda, lembrou, como outros críticos, ter se mostrado “um voo de galinha” – alçou voo e logo caiu. “Lula preferiu surfar em vez de melhorar muita coisa”, observou.

Agora, o caminho indica ser necessário uma série de reformas, entre elas a da Previdência. Especialistas dizem que se fosse feita neste instante, limitando a idade para homens a 65 anos e mulheres 60, ainda assim não sairíamos do buraco. O mesmo para a reforma trabalhista. No Japão, anualmente acontecem 2.500 recursos trabalhistas à Justiça, 75 mil nos EUA e, no Brasil, nada menos que 2,5 milhões no mesmo período.

A reforma política é outra necessidade iminente. Há 35 partidos, 29 deles com representação no Congresso, o que torna o andamento do governo moroso. Só para sustentar essa engrenagem são gastos R$ 1 bilhão. As mudanças na área da educação também são urgentes, particularmente porque se gasta oito vezes mais com o ensino superior do que com o básico, transformando muita gente em analfabeto funcional – sabe ler, mas não compreende ou assimila o conteúdo.
Finalizando a palestra, Cristiana observou que todos nós, agora, estamos vendo que andar na linha faz bem, porque antes os espertos é que pareciam estar certos e os honestos pareciam idiotas.

A jornalista acredita ser inevitável a volta da CPMF, por conta do déficit de R$ 170 bilhões, mas que a recuperação da economia já começou. A mensagem que passa é que, de fato, o pior já passou e que o País vai retomar o rumo do crescimento.

 

Fonte: Primeira Página