- Silvia Fonseca, infectologista e docente do IDOMED. – (Foto: Arquivo/Reprodução)
Especialista alerta para o uso indiscriminado de medicamentos e dá orientações para evitar contaminações em ambientes públicos
Com a chegada do inverno e a queda acentuada das temperaturas, aumentam os casos de doenças respiratórias, como gripes, resfriados, bronquites e rinites. O clima frio favorece a permanência em ambientes fechados, com pouca ventilação, o que facilita a disseminação de vírus respiratórios. Nesse contexto, cresce também a prática da automedicação, considerada por especialistas um hábito perigoso, que pode mascarar sintomas e dificultar o tratamento adequado.
Segundo a médica infectologista Silvia Fonseca, docente do IDOMED, a automedicação continua sendo uma prática comum entre os brasileiros. “Há uma crença de que sintomas leves podem ser tratados com qualquer remédio à mão, sem avaliação médica. Mas isso pode agravar o quadro clínico e até adiar o diagnóstico de doenças mais sérias”, afirma.
O uso inadequado de antibióticos é um dos principais pontos de preocupação. “Esses medicamentos não têm efeito contra gripes e resfriados, que são causados por vírus. Usá-los sem necessidade contribui para o avanço da resistência bacteriana, um problema de saúde pública global”, destaca a infectologista.
Mesmo medicamentos considerados mais inofensivos, como anti-inflamatórios, descongestionantes e antialérgicos, exigem atenção. Em pessoas com doenças crônicas, como hipertensão ou diabetes, o uso sem orientação pode provocar reações adversas graves, como taquicardia, insônia e crises alérgicas.
Silvia Fonseca também chama atenção para o uso de produtos naturais. “Fitoterápicos e chás medicinais são muitas vezes utilizados sem critério. Por mais que sejam naturais, podem causar efeitos colaterais e interações medicamentosas perigosas.”
Risco de contaminação aumenta em ambientes públicos no inverno
A especialista alerta que o contágio por vírus respiratórios se intensifica em locais fechados e com grande circulação de pessoas, como transporte público, escritórios e salas de espera. “Ônibus, por exemplo, têm ventilação limitada e alto compartilhamento de superfícies. Isso eleva o risco de transmissão de vírus e bactérias”, explica.
Para reduzir a exposição, a médica recomenda cuidados simples, mas eficazes:
Utilizar máscara em locais fechados ou com aglomeração, especialmente por pessoas com sintomas ou comorbidades;
Higienizar as mãos com frequência, sobretudo após tocar corrimãos, catracas, bancos e maçanetas;
Carregar álcool em gel 70% e usá-lo imediatamente após contato com superfícies compartilhadas;
Evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca;
Priorizar ambientes ventilados e, sempre que possível, manter janelas abertas em transportes coletivos;
Manter a carteira de vacinação em dia, com especial atenção à vacina contra gripe e, quando indicado, à vacina contra a COVID-19.
Silvia reforça que, diante de sintomas persistentes, a recomendação é procurar atendimento médico. “O diagnóstico correto depende de uma avaliação profissional. Automedicar-se pode parecer mais rápido, mas, a longo prazo, compromete a segurança do tratamento e pode piorar a saúde do paciente.”