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Com mais atrasos em contas de água e luz, deve-se negociar com o fornecedor e passar longe do banco

Two businessmen and paying money

Atenção, brasileiro: você já notou que as contas de água e de luz ficaram mais caras? Só em São Paulo, a conta de energia elétrica aumentou mais de 80% nos últimos dois anos e meio. Essas variações nos preços de água e luz têm deixado muitas famílias brasileiras de cabelo em pé.

As tarifas mais caras fizeram o número de calotes disparar e a abriu a oportunidade para a população recorrer a meios arriscados — e inadequados — como alternativa para não ter o serviço cortado.

De acordo com um levantamento realizado pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), enquanto a inadimplência média nacional subiu 6,7% em número de pessoas em maio, os atrasos dados nas contas de energia elétrica aumentaram 13,94% no mesmo período. É mais que o dobro.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que o acordo diretamente com a empresa de fornecimento é a melhor alternativa para quitar as dívidas pendentes nas contas básicas. Marcela afirma que, nesses casos, é possível obter descontos e vantagens.

— A negociação é sempre a melhor opção, porque o credor quer receber tanto quanto o devedor quer pagar. O que acontece é que eles não conversam e não chegam a um meio termo.

Silvio Bianchi, da DSOP Educação Financeira, também classifica a renegociação com a empresa como uma forma interessante de evitar juros altos e manter distância da inadimplência.

— Provavelmente, nessa situação atual, as empresas vão ter alguma flexibilidade para resolver o problema.

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Apesar de avaliar o acordo como positivo, Bianchi defende que o mais importante é conhecer o quanto do orçamento é possível reservar para pagar o adicional a ser incluído nas tarifas.

— Antes de fazer a negociação, você precisa conhecer quanto do orçamento você vai poder trocar para pagar essa dívida. Senão, vai ser a mesma coisa: você vai renegociar, não vai conseguir pagar e vai ficar novamente sem esse serviço.

Empréstimo

O medo de ter o fornecimento interrompido pelas distribuidoras abre a porta para que os consumidores assumam novos riscos, como assinar um contrato de empréstimo com um banco ou uma financeira. Bianchi, porém, alerta que a alternativa não é a mais indicada.

O educador avalia que um empréstimo para pagar uma conta pendente significa ”abrir um buraco para tapar outro”.

— O empréstimo vai dar um sossego momentâneo, mas você depois vai ter que pagar essa dívida. É uma troca de seis por meia dúzia.

Marcela, por sua vez, avalia que pegar um empréstimo pode valer a pena no caso do consumidor não encontrar solução para quitar a primeira dívida.

— Pode ser vantajoso [entrar em um empréstimo] se a nova dívida for mais barata, se tiver uma taxa de juros melhor ou se tiver um aumento de prazo que for interessante.

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Recorrer ao cartão de crédito ou ao cheque especial também é alternativa da qual o brasileiro tem que se manter longe, diz Bianchi. Segundo o educador financeiro, atrasar o pagamento de uma conta de água ou de luz acaba sendo mais barato do que optar por essas linhas de crédito.

— Se você entrasse no cheque especial, estaria pagando na faixa de 7% a 9% [de juros] ao mês. A multa [por não pagar as contas básicas] é bem menor, entre 1% e 2%.

 

 

Fonte: Economia – Alexandre Garcia – R7 Notícias
Foto/Ilustrativa: Getty Images