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Grupo faz abaixo-assinado para criação de rede de acompanhamento e tratamento de pacientes pós-covid

  • Em Franca, até o dia 15 de julho, mais de 37,3 mil pessoas já haviam sido infectadas pela COVID e 880 perderam suas vidas. – (Imagem: Divulgação)

Só quem teve COVID, em especial a forma mais grave da doença, ou tem amigos ou parentes que passaram pela experiência sabe o quanto a recuperação é difícil. E, mesmo depois de recuperado, as chances de o paciente apresentar alguma sequela são enormes.

De acordo com estudos médicos preliminares, no caso de pacientes que tiveram internados por causa da COVID, a chance de eles virem a apresentar alguma sequela é de 80% nos primeiros quatro meses após receberem a alta. Deste total, 17% deverão ser reinternados e 7% poderão morrer.

Os números são ainda mais assustadores quando considerados os pacientes que necessitaram de ventilação mecânica. Entre esse grupo, 40% precisarão ser reinternados e 24% correm o risco de morrer dentro de seis meses depois da alta hospitalar da COVID.

O cenário seria diferente se, ao receberem alta ou testarem positivo para a COVID, os pacientes recebessem orientação, acompanhamento e tratamento pelo Sistema Único de Saúde, o que não acontece hoje.

Apenas alguns poucos hospitais e municípios pelo Brasil conseguiram instalar algum tipo de serviço de atendimento pós-COVID. A maioria ainda não conta com esse tipo de atendimento especializado. Quem tem COVID ou recebe alta hospitalar depois de se tratar da doença volta para casa sem nenhuma informação sobre os riscos das sequelas, não recebe nenhum auxílio e não conta com acompanhamento.

A jornalista Erika Aparecida Polo, de 31 anos, sabe bem como é isso. Ela teve COVID no fim do ano passado. Cumpriu os 15 dias de isolamento e achou que tivesse se livrado da doença. Mas duas semanas depois de retomar a vida, começou a sentir fortes dores de cabeça. Ela descobriu uma trombose como sequela da COVID. Passou 12 dias internada para tratamento.

Hoje espera o agendamento pelo SUS de uma nova ressonância para saber como está sua saúde. Ela vive insegura com medo de uma nova crise. “Eu dei sorte. Quando sarei da COVID não sabia que poderia ter sequelas, ainda bem que estava trabalhando em um hospital e recebi atendimento. Agora penso se não tivesse essa chance, será que estaria bem hoje?”, questiona.

Foi pensando no direito dos pacientes que são acometidos pela COVID de receberem informações e orientações sobre os riscos de desenvolver sequelas e ter acompanhamento médico especializado que a empresária Flávia Lancha e um grupo de colegas do Renova Br resolveram lançar um abaixo-assinado pedindo a criação de um protocolo nacional de notificação, acompanhamento e tratamento para os pacientes pós-COVID. “Essas pessoas hoje muitas vezes nem sabem os riscos a que estão sujeitas. Não recebem orientação nem acompanhamento. Por isso, se torna tão importante a criação e implantação de um protocolo que obrigue os órgãos públicos de saúde a notificar a ocorrência de pacientes que apresentem sequelas e a implantar uma rede de atendimento e tratamento específico para essas pessoas”, disse Flávia, que vem liderando a campanha para conseguir assinaturas para o abaixo-assinado.

“O que queremos é evitar que as pessoas morram. E para isso contamos com a ajuda de todos que puderem assinar nosso abaixo-assinado”, disse.
Quem quiser participar da iniciativa, basta acessar o link https://bit.ly/3rb5PwJ e preencher os dados com seu nome e e-mail.

Em Franca, até o dia 15 de julho, mais de 37,3 mil pessoas já haviam sido infectadas pela COVID e 880 perderam suas vidas.