- Assim como as meninas vão ao ginecologista, os garotos precisam de acompanhamento urológico desde cedo para prevenir doenças silenciosas na vida jovem e adulta, alerta especialista. – (Fotos: Freepik/Divulgação)
Se seu filho já passou da fase de consultas pediátricas, chegou a hora levá-lo a um urologista. É entre os 10 e 15 anos, fim da infância e início da puberdade, que a primeira consulta deve acontecer. Embora a prática seja pouco difundida no Brasil, essa é a melhor forma de garantir que as novas gerações de meninos cresçam com acompanhamento, mais qualidade de vida, informação, segurança e, acima de tudo, sem medo de cuidar da própria saúde. É o que orienta o urologista José Roberto Colombo Júnior, médico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Para ele, é fundamental que a sociedade reflita sobre o assunto e crie o hábito de cuidar da saúde urológica masculina desde cedo, e não somente após os 40 anos.
“É preciso desmistificar a ideia de que o urologista é um médico apenas para homens adultos e mais idosos. Assim como as meninas são levadas ao ginecologista para acompanhar seu desenvolvimento e prevenir doenças, também é necessário ter essa cultura de cuidado com os garotos para que eles aprendam a cuidar da própria saúde assim que entram na adolescência. Os pais ou responsáveis devem começar a agir como essa figura de incentivo, pois dessa forma poderão melhorar a vida de seus filhos no futuro”, destaca.
Sem tabus
A avaliação médica desde a adolescência, além de quebrar tabus, pode ajudar a identificar e tratar precocemente diversas condições, como alterações no desenvolvimento dos órgãos genitais; fimose e outras condições que afetam a higiene íntima; infecções urinárias recorrentes; varicocele, uma dilatação anormal das veias testiculares que pode afetar a fertilidade; detecção precoce de doenças e outras enfermidades do aparelho urinário.
Diferentemente das meninas, que precisam anotar o ciclo menstrual para informar nas consultas, os garotos devem apenas conversar sobre seu histórico médico até então.
É o urologista também que poderá tirar aquelas dúvidas comuns aos garotos dessa faixa etária que sabem que o pediatra não é o médico mais adequado para respondê-las. Saber mais, por exemplo, sobre assuntos como o tamanho do pênis, se “está normal para a idade”, sobre o uso de preservativos, quais vacinas tomar, as infecções sexualmente transmissíveis, entre outras questões.
Prevenção
Quanto antes se cria o hábito do acompanhamento médico, maior é a chance de prevenir doenças graves no futuro, isso porque muitas doenças são silenciosas e podem ser fatais.
“Grande parte dos homens só busca um especialista quando já tem um problema de saúde estabelecido. Um acompanhamento regular possibilita diagnósticos precoces e tratamentos mais eficazes. Um simples exame clínico pode fazer toda a diferença no futuro. Além disso, conversar sobre o tema de forma aberta e sem preconceitos dentro da família pode ajudar a naturalizar esse cuidado”, explica Colombo Júnior, que é também um dos ases nacionais no campo da cirurgia robótica do Hospital Albert Einstein.
Prevenção que pode ajudar a mudar uma triste projeção estatística. Segundo dados de um estudo da revista científica internacional Lancet, publicados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), até 2024, os casos de câncer de próstata no mundo devem duplicar, passando de 1,4 milhão, em 2020, para 2,9 milhões, em 2040, devido não só ao aumento da expectativa de vida global, mas também à falta da cultura do diagnostico precoce.
Somente no Brasil, em 2023, o câncer de próstata matou sozinho uma média de 47 homens por dia, conforme dados do Ministério da Saúde.
Outra doença silenciosa e perigosa é o câncer de testículo, tipo de tumor que mais afeta homens na idade reprodutiva, entre 15 e 35 anos. E, segundo a SBU, estudos indicam um aumento alarmante de 26,6% no número de óbitos projetados por essa causa entre 2026 e 2030, em comparação ao período de 2011 a 2015.
Sobre o Dr. José Roberto Colombo Júnior
Médico urologista e especialista em cirurgia robótica urológica do Hospital Israelita Albert Einstein. Coordenador Executivo da Pós-Graduação em Cirurgia Robótica do Hospital Israelita Albert Einstein. Formado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Possui doutorado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) São Paulo. Aprimoramento (Fellowship) em cirurgia minimamente invasiva na Cleveland Clinic, Cleveland, EUA. Atendimento: (11) 97090-5300 e WhatsApp (11) 2151-4116.