Nem sempre percebemos quando a depressão é instalada. Ela simplesmente vai nos envolvendo dia após dia, seja por meio de um pensamento derrotista, seja por uma crença negativa a nosso respeito, seja ainda por pequenos hábitos e comportamentos que vão nos tornando pessoas menores do que realmente somos. Afinal, a pessoa depressiva nunca é ela mesma. É outra pessoa, mais fraca, mais irritadiça, mais egoísta, mais reativa.
Isso é claro porque quando uma pessoa está bem consigo mesma, ela não sofre. Ela pode ter problemas, algumas coisas podem dar errado, mas ela não se permite ficar horas, dias, meses lamentando, reclamando e sentindo ansiedade, frustração, raiva, medo e insegurança. Ela simplesmente resolve o problema e faz o seu melhor. Mesmo que não haja o que fazer, ela aceita com mais naturalidade e simplesmente segue em frente. O depressivo, por outro lado, fica estagnado, “batendo na mesma tecla”, querendo entender os motivos daquilo que não funciona, exigindo que outros o ajudem ou ainda usando isto para se sentir mal.
Não é estranho, portanto, que uma pessoa que se permitiu ficar presa em seus próprios medos e dificuldades, chegue ao ponto de ficar tão fragilizada que o desespero se infiltre em seu corpo. Até porque a doença geralmente acompanha seu comportamento e torna o simples ato de viver algo doloroso e muito cansativo. Então, esta pessoa sente dores no corpo (nem todas facilmente tratáveis), tem taquicardia ou desmaios, come demais, come de menos, não consegue dormir ou dorme demais. Na parte social, os relacionamentos, os negócios e as amizades não prosperam. Na psíquica, a pessoa tem pânico, TOC, neuroses e pode, inclusive, machucar a si mesma e aos outros. Assim, algumas consequências desse comportamento podem ser o vício em alguma substância ou várias, tais como remédios, cigarros, bebidas, drogas ilícitas, comida, sexo, etc ou acidentes, provocados por vontade própria ou falta de atenção.
E o que leva a pessoa a chegar num ponto tão grave a ponto de transformar um pequeno problema numa montanha de lamentações? a atentar contra a própria vida e machucar aqueles que ama?
Um dos motivos que percebo é a falta de sonho.
Sim, quando sonhamos, e com sonho me refiro a grandes projetos de vida e não ilusões vindas da fantasia, passamos a ter um propósito e todas as ações no nosso dia a dia têm um sabor especial. Isso acontece porque sabemos as razões de cada ato, policiamos nosso comportamento, pois sabemos o quanto isso pode afastar ou atrair o que queremos e nos mantemos firmes, já que não podemos perder tempo com bobagens, quando nossos sonhos estão ali, tão perto de nós.
Portanto, quando alguém perde seu sonho ou o vê como algo irrealizável, seja por se sentir incapaz, seja por não se considerar merecedor, a razão de viver some e o que sobra são as pequenas obrigações do cotidiano: é o pagar as contas do mês, é o trabalhar para ganhar dinheiro, é o permanecer num relacionamento ruim para não ficar sozinho…então, qualquer coisa que dê um pouco de prazer, é consumida em excesso e o resto que poderia trazer mais alegria, se torna tedioso, como passear, conversar com alguém, praticar um exercício, ir ao cinema, cuidar do próprio corpo, deixar a casa mais bonita, etc.
O que fazer então para recuperar o sentido da vida? veja algumas ideias:
– Faça uma terapia: mesmo que tenha vergonha, sentir que existe alguém cuidando de você, interessado no seu problema, pode ajudar;
– Evite tudo o que é artificial, remédios, alimentos…quando diminuímos a quantidade de elementos tóxicos no corpo, é mais fácil recuperarmos o equilíbrio.
– Faça coisas que você gosta, mesmo que neste momento elas não deem o mesmo prazer de antigamente;
– Aprenda a meditar: Isso ajuda a diminuir a ansiedade e aumentar o foco. Mesmo que no início seus pensamentos o atormentem, com o tempo, ela fará efeito;
– Pratique algum exercício físico: Ter consciência corporal lhe fará tirar a atenção da mente perturbada para seu corpo, lhe ajudando a se curar. Por isso, não importa o tipo de exercício e sim, se você se sente confortável nele. Muitas opções são possíveis atualmente: yoga, pilates, caminhada, dança, artes marciais, academia, natação, ciclismo, corrida, etc;
– Fique mais perto da Natureza: O silêncio, o frescor das árvores, a beleza da paisagem são muito benéficas para você se sentir bem consigo mesmo;
– Pegue um caderno e escreva o que sente e pensa para perceber seus padrões de comportamento com mais clareza. Resgate também velhos sonhos e reflita se ainda não dá tempo de colocá-los em prática;
– Volte a estudar: Não importa o que, pois só o ato de se abrir ao novo, já faz você ter ideias, projetos e ânimo para ir além;
– Faça o essencial em relação ao seu corpo e ambiente: Mesmo que seja trabalhoso, vá ao cabeleireiro, compre roupas novas, tome banhos demorados, durma melhor, arrume a casa, compre flores, coloque aromatizadores, abra as janelas, limpe os ambientes, marque de sair com amigos que não vê há muito tempo;
– Busque a espiritualidade: Seja resgatando algo que já seguia, seja descobrindo novas doutrinas. O budismo e a seicho-no-ie, por exemplo, ajudam muito a recuperarmos a auto-estima e a gratidão pela vida;
– Adote um animal: Ter uma vida dependente de você pode trazer uma nova vontade de viver, fora que a beleza e o carinho dos animais sempre nos faz sentir o amor que existe em tudo o que é vivo;
– Faça uma lista de tudo aquilo que está pendente na sua vida, da coisa mais banal à mais importante e se comprometa a resolver, uma por uma.
Vanessa Mazza
Taróloga
Site: vanessamazza.com.br
Blog: www.taroonline.wordpress.com
